Pesquisa detecta agrotóxicos nas chuvas de três cidades paulistas

Um estudo publicado na revista científica Chemosphere, no dia 13 de janeiro, revelou a presença de agrotóxicos nas águas das chuvas que caem sobre as cidades de São Paulo, Campinas e Brotas, no estado de São Paulo. A pesquisa identificou 14 tipos de pesticidas diferentes, incluindo herbicidas, fungicidas e inseticidas.

O levantamento, realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), aponta que a maior concentração foi observada em Campinas, com 701 microgramas por metro quadrado (µg/m²), seguida por Brotas (680 µg/m²) e São Paulo (223 µg/m²). Além dos pesticidas, foram detectados cinco produtos de degradação, que são substâncias resultantes da decomposição dos agrotóxicos.

Segundo os pesquisadores, os agrotóxicos chegam à atmosfera durante a aplicação nas lavouras e podem viajar por longas distâncias até se condensarem nas nuvens e retornarem ao solo com a precipitação. Isso significa que a contaminação pode atingir regiões distantes dos centros agrícolas.

O estudo indica que três inseticidas e dois produtos de degradação apresentam um quociente de risco superior a 1, o que sugere potencial perigo à vida aquática, mesmo com a chuva sendo a única fonte de exposição. Substâncias como o herbicida atrazina, presente em todas as amostras, e o fungicida carbendazin, encontrado em 88% das coletas apesar de estar proibido no Brasil, chamaram a atenção dos pesquisadores.

Também foram detectadas altas concentrações de 2,4-D, que pode afetar a fertilidade humana, e fipronil, um inseticida altamente tóxico para as abelhas. Embora as concentrações estejam dentro dos limites permitidos para água potável no país, especialistas alertam que a exposição contínua, mesmo em doses baixas, pode representar riscos à saúde humana e aos ecossistemas.

O alerta se intensifica diante do fato de que o Brasil é o maior consumidor mundial de pesticidas, tendo aplicado mais de 800 mil toneladas em 2022 — cerca de 70% a mais que os Estados Unidos, segundo dados da FAO. O estado de São Paulo é o segundo maior consumidor de agrotóxicos do país, atrás apenas de Mato Grosso.