Surto de contaminação em rações mata mais de 240 cavalos no Brasil

Foto:  Rafa Neddermeyer/Agência Brasi

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) investiga um caso inédito de contaminação em rações equinas que já causou a morte de 245 cavalos em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas. Desde a primeira denúncia, registrada em 26 de maio, o Mapa vem conduzindo uma força-tarefa para identificar as causas do surto. Em todas as propriedades vistoriadas, os cavalos afetados consumiram rações da mesma empresa. Já os animais que não tiveram contato com os produtos permaneceram saudáveis, mesmo dividindo os mesmos espaços.

A análise realizada pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária confirmou a presença de alcaloides pirrolizidínicos, especialmente a monocrotalina, substância tóxica derivada de plantas do gênero crotalaria. Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, trata-se de uma ocorrência inédita no país. “Nunca identificamos essa substância em rações para equinos. Mesmo em quantidades mínimas, ela pode provocar danos graves ao fígado e ao sistema nervoso dos animais”, afirmou.

As investigações apontam que a contaminação foi provocada por falhas no controle da matéria-prima usada na produção da ração. Diante da gravidade do caso, o Mapa instaurou um processo administrativo, aplicou auto de infração à empresa e determinou a suspensão cautelar da fabricação e venda de rações para equídeos. Posteriormente, a medida foi estendida a rações para todas as espécies.

Apesar da interdição, a empresa obteve decisão judicial que permite a retomada parcial da produção, o que preocupa o Ministério. Em resposta, o Mapa recorreu da decisão e apresentou novos dados técnicos que reforçam os riscos à saúde animal e à cadeia produtiva. As ações de fiscalização seguem intensificadas, e o Ministério garante transparência na apuração dos fatos.